"Votar no PS ou no PSD é um voto de traição em si próprio"
O PCPT/MRPP, que nas últimas eleições ultrapassou os 50 mil votos e por isso passou a ter direito à subvenção estatal, concorre às legislativas de 5 de Junho com a eleição de deputado do seu líder, Garcia Pereira, na mira.
Os 'outdoors' são a grande novidade desta campanha, que apesar de contar com o reforço financeiro da subvenção continuará a ser "modesta", não ultrapassando os 100 mil euros de orçamento.
Em entrevista à Agência Lusa, o líder do PCPT/MRPP -- 58 anos, advogado e docente universitário -- sublinhou a ideia que será um dos seus principais motes eleitorais: "O povo português não tem que pagar uma dívida que não foi contraída por ele nem em seu benefício".
Assim, Garcia Pereira considera que esta é apenas uma questão de decisão política "democrática e patriótica".
Na opinião do cabeça de lista do partido por Lisboa, a dívida resulta, essencialmente, "de uma estratégia completamente errada que foi seguida pelos partidos que têm estado no Governo, consistente em destruir toda a capacidade produtiva do país".
"Essa dívida resulta também de uma série de trafulhices jurídico-financeiras, à cabeça das quais vêm as chamadas parcerias público-privadas", disse, acrescentando uma terceira causa: "os milhares de milhões de euros que, já pela mão de Sócrates, foram retirados dos bolsos dos trabalhadores e metidos na banca para tapar os buracos da gestão financeira fraudulenta e especulativa".
Exigindo uma auditoria independente para determinar quanto se deve, a quem se deve e porque é que se deve, Garcia Pereira considera assim que "numa situação destas, aquilo que um Governo democrático e patriótico devia fazer era recusar-se a pagar a dívida e traçar uma via alternativa".
"Porque mantendo o país como ele está nós não vamos cessar de agravar o endividamento", disse, dando os exemplos da Grécia e da Irlanda.
A via alternativa que o dirigente do PCPT/MRPP defende é "um programa de desenvolvimento da economia nacional na agricultura, na indústria, nas pescas, na tecnologia e um programa de combate ao desemprego", que é a maior chaga social no país.
Questionado sobre se a recusa do pagamento da dívida significaria sair da União Europeia, o advogado respondeu que "não necessariamente", defendendo que aquilo que "implica seguramente é que a questão da União Europeia seja toda ela repensada".
"A senhora Angela Merkel não pode pretender fazer, através da União Europeia, aquilo que Hitler não foi capaz de fazer com as divisões 'panzer'", enfatizou.
Garcia Pereira deixou ainda uma ideia: "um voto no PS ou no PSD é um voto de traição em si próprio".
"Há uma alternativa que está a ser escondida do povo português que é a constituição de um Governo democrático e patriótico, de esquerda, com um programa de desenvolvimento da economia nacional e com um plano de ataque ao desemprego e à miséria social", declarou.